domingo, 29 de novembro de 2009

Violação no cemitério (reportagem)

O título é de jornal popular, mas não tem a ver com crime sexual. O Cemitério Ecumênico de Santa Maria fica no meio do caminho entre minha casa e o trabalho, No último dia 20 de novembro, ouvi no rádio que um cabeleireiro havia sido preso em flagrante no cemitério por violar uma sepultura. Como era perto e no meu caminho, não perdi a chance. Munido de uma máquina fotográfica, fui até lá atrás desta inusitada história. Abaixo, segue a reportagem:


Cabeleireiro é preso após violar sepultura

















Imagine a cena. Era 1h, madrugada de sexta-feira no Cemitério Ecumênico de Santa Maria, no bairro Patronato, zona centro-oeste da cidade que fica na região central do Rio Grande do Sul. Um dos vigias ouve barulhos estranhos e vai até os fundos da necrópole para checar. Ele depara com um homem, usando uma espécie de vestido, “incorporando” uma entidade sei lá de que mundo, com direito a velas e bebidas alcoólicas. Ao lado dele, um jovem com uma ossada humana nas mãos.

A partir daí, foi uma correria. O grupo, formado por cinco ou seis rapazes, fugiu, inclusive o homem que comandava o ritual religioso. Todos conseguiram fugir, com exceção de um cabeleireiro de 20 anos. A Brigada Militar foi chamada, e o suspeito acabou preso.

Levado para a Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento de Santa Maria, o cabeleireiro foi autuado em flagrante pelo crime de violação de sepultura, que, em caso de condenação, pode render uma pena de um a três anos de prisão e pagamento de multa. Em depoimento, ele contou que estava fazendo o ritual para que o movimento de seu salão de beleza, em Santa Maria, aumentasse.

– O suspeito alegou que estava passando por dificuldades financeiras. Amigos teriam lhe orientado a fazer o ritual para aumentar o movimento. Mas pareceu que ele não agradou a alguma “entidade”, né? – brinca o delegado Márcio Schneider, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), que estava de plantão e lavrou o flagrante.

O cabeleireiro terminou o dia recolhido ao Presídio Regional de Santa Maria, mas foi solto dois dias depois. O jovem alegou não conhecer as pessoas. Ele teria apenas as contratado para abrir a sepultura e fazer o trabalho.

Apesar de ter violado o túmulo, retirando uma lajota que fechava o compartimento, o grupo não mexeu no corpo que estava em um caixão. Para o trabalho religioso, os jovens retiraram ossos que estavam em sacos plásticos, dentro da mesma sepultura.

Na hora em que a polícia chegou, o cabeleireiro estaria com uma ossada humana nas mãos. O delegado conta que, segundo o depoimento do rapaz, uma pessoa do grupo teria incorporado uma entidade espiritual. O jovem disse não conhecer as pessoas. Ele teria apenas contratado-as para abrir a sepultura e fazer o trabalho.

O pior é que depredações de túmulos, pichações e tentativas de arrombamento de jazigos fazem parte da rotina do Cemitério Ecumênico, o maior de Santa Maria, com cerca de 12 mil túmulos. Para cuidar disso tudo, são três guardas para patrulhar toda a área.

Geralmente, as sepulturas mais visadas pelo vândalos ficam nos fundos do terreno, onde não há muro de proteção. Foi o caso do túmulo violado pelo cabeleireiro e por seus comparsas.

















No labirinto de sepulturas, é fácil perceber atos de vandalismo. Perto do local do trabalho religioso, havia um túmulo quebrado e pichações em mais de uma lápide. Também são comuns as queixas de furto de flores e de peças de alumínio, ferro ou cobre utilizadas no adorno das sepulturas.

 O inusitado, no caso do cabeleireiro, foi ter pego alguém em flagrante.



Confira abaixo a localização do Cemitério Ecumênico de Santa Maria (clique nas imagens para uma melhor visualização):








E você? Conhece alguma história de crime em cemitério?
Conte para o blogueiro.

2 comentários:

  1. Interessante sua abordagem sobre o tema, Luiz. O cemitério de Santa Maria realmente enfrenta sérios problemas, mas a forma de abordá-los, partindo da prisão deste cabeleireiro tornou a narrativamais interessante. Também gostei muito das fotografias, que ilustram bem a precariedade do local. Quando aos mapas, achei um bom recurso para quem não conhece a cidade e para se ter uma ideia de onde ocorreu o crime. Também usei o Google Earth no meu blog porque achei uma ótima ferramenta para alcançar esse resultado

    ResponderExcluir
  2. Luiz, gostei da narrativa no presente, como se estivesse acontecendo na hora em que lemos, deu muita personalidade a estoria!!! ta de parabens, a sua reportagem esta muito bem fundamentada. Adorei os mapinhas tb, ficou show, digno de premio shell! Abracos!

    ResponderExcluir