domingo, 15 de novembro de 2009

De números no contador a participantes diretos

Foi-se o tempo em que o internauta era um mero contemplador de sites, especialmente dos grandes portais e dos “mais famosos” – quando se ia atrás de páginas de grandes marcas e de pessoas famosas, procurando por eles no Yahoo! ou no Alta Vista ou, simplesmente, digitando o nome do alvo e acrescentando um “.com” no final. A dita interatividade se resumia a enviar um e-mail cuja resposta talvez não viesse ou demorasse muito para acontecer.

Na verdade, ao falarmos da Web 2.0, estamos abordando a mesma Internet que era chamada de 1.0 há tempos atrás. As ferramentas são as mesmas. A diferença é que foram facilitadas as maneiras para que os usuários as dominassem.

Apesar das críticas ao termo Web 2.0, o certo é que ele representa uma nova forma de navegação na Internet. Há mais interatividade, mais conteúdo gerado pelos usuários e mais personalização de serviços.

Na segunda geração da Internet, o usuário pode produzir conteúdo. Seja postando no YouTube um vídeo produzido em sua cozinha, postando um comentário em um site noticioso que vai despertar uma relação de outros internautas ou originar uma notícia, enviando para um veículo de comunicação a foto ou o vídeo do acidente que acabou de acontecer na esquina de casa. Sem falar no compartilhamento de conteúdo pré-existente, onde o internauta, depois de ser beneficiado com músicas, filmes, textos etc., passa adiante o seu acervo digital. Na Web 1.0, o compartilhamento era praticamente restrito ao envio de arquivos por e-mail.

Por isso, o que é mais valorizado na Web 2.0 é a qualidade do usuário, ou seja, o que ele está disposto a compartilhar/interagir/colaborar. Na Web 1.0, o usuário era, basicamente, uma estatística. Quanto mais acessos havia, melhor. Não que as grandes audiências tenham sido escanteadas. Mas elas são um reflexo também da qualidade do usuário. Tanto que a publicidade também descobriu a direcionar melhor suas armas para um alvo mais específico, baseado em determinados perfis de usuário.

Essa característica de um público mais seletivo também fez com que a maioria das páginas de internet deixasse de ser estática. Vídeos, gravações em áudio, animações, mapas, bancos de dados, enfim, todos os recursos técnicos disponíveis passaram a ser usados para conquistar a atenção do internauta.

O usuário também ganhou mais opções na era da Web 2.0. Para começar, ele não precisa mais ir até o site de seu interesse. Com os agregadores de conteúdo como o Google Reader, o Akregator e o FeedReader, o internauta pode permanecer informado de diversas atualizações em diversas páginas de seu interesse sem precisar visitá-las uma a uma.

Os interesses e as particularidades de cada usuário fizeram com que ele se tornasse protagonista de sites como o Wikipédia ou o You Tube, onde a produção de conteúdo é feita pelo próprio internauta. Ou virasse um coadjuvante relevante para transações comerciais, onde a opinião de um usuário sobre um determinado bem ou serviço serve de norte para outros usuários.

Quem saiu na frente e soube aproveitar o que os interesses dos internautas – mesmo sem que eles desconfiassem ou refletissem sobre isso, no caso do Google – saiu na frente e faturou com isso. Mas ainda há muito a descobrir e a explorar nos hábitos dos usuários e no que eles têm a oferecer. Em empresas de mídia tradicional, por exemplo, essa relação fonte-receptir ainda é muito estática, muito tímida. Muito a ver com um modelo pré-estabelecido de fluxo de informações. Livra-se dessas amarras – com responsabilidade, mas sem censura e preconceito – é um desafio.

O certo é que não dá mais para caminhar para trás. Com a popularização da tecnologia e a multiplicação das ferramentas de interatividade, o usuário não é somente mais um número no contador de visitas. Quem nunca ficou confuso com esse momento ou ainda está tentando decifrá-lo, que dê o primeiro clique.

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